quarta-feira, 4 de agosto de 2010

"VERÃO DA LATA"

Se você esteve em outro planeta durante o ano de 1987, provavelmente ainda não escutou a história "das latas". Nem durante os delírios mais surrealistas, os malucos de plantão poderiam sonhar com o aparecimento de um barco que fizesse chover maconha na praia. Assim foi feito e - por uma infeliz obra do destino ou por alguma influência divina, depende do ponto de vista - as correntes marítimas espalharam a cannabis pelas praias do Rio de Janeiro até o Rio Grande do Sul. O verão da lata foi um dos mais surreais e malucos acontecimentos da história da terra brasilis. Um navio panamenho batizado de "Solana Star" levantou âncora na Austrália e fez uma parada em Cingapura, onde carregou seus porões cerca 22 toneladas da erva acondicionadas em 20 mil latas lacradas a vácuo! Destino? Brasil. Porém, longe da costa, mas já em águas brasileiras o cargueiro passou a ser perseguido pela Marinha, que havia sido alertada por um instituto amerciano antidrogas, que a carga do navio era fumaça sólida. Acuados pelos militares os tripulantes dispensaramo flagrante todo no mar. Por motivos divinos, demoníacos ou por mera coincidência, as latas foram espalhadas por várias praias, Começaram a chegar uma a uma, até que uma alma curiosa abriu um exemplar. Em poucos dias as praias cariocas viraram a Meca de todo tipo de maluco que você possa imaginar. A comoção foi geral, pessoas passavam o dia olhando para mar em busca de um reflexo que pudesse ser uma lata desgarrada do "rebanho".
A fama da boa qualidade do produto espalhou-se rapidamente, e uma verdadeira caça as latas se iniciou. Pescadores encontravam e as enterravam para a venda posterior ou por medo da polícia, que estava em total alerta para o acontecimento. Surfistas, playboys, traficantes, todos de olho na lata. Aliás, religiosos e conservadores de plantão pregavam que o fim dos tempos estava se iniciando com o culto à maconha que estava ocorrendo no litoral brasileiro. Apenas 4,5 toneladas foram recuperadas, o restante literalmente virou fumaça. Foi uma comoção. A lata virou camiseta, gíria de interados, combustível para festas memoráveis, sinônimo de algo muito bom, marchinha de carnaval e deu nome ao verão mais louco de que se tem memória (ou não).
Circo total.

Um comentário:

  1. Re Bordosa, o verão da lata, rock in rio, de tempos idos, mesclados a artes antológicas e atualidades hilariantes (ou até melancólicas - domingo é FODA mesmo: mais um F para a sua coleção). A.D.O.R.E.I o blog.
    Beijos, Mariza

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